O Apanhador no Campo da Computação em Nuvem
J.D. Salinger era como um unicórnio no reino dos autores — uma raça rara, quase mítica, raramente vista na natureza. Ele entrou em cena com seu romance icônico “O Apanhador no Campo de Centeio”, que se tornou um clássico instantâneo, cativando os leitores com as aventuras angustiantes de Holden Caulfield. O livro conta a história do típico garoto legal do quarteirão, desfilando com sua jaqueta de couro e óculos escuros, estabelecendo o padrão para todos os protagonistas adolescentes rebeldes e angustiados que viriam.
Holden Caulfield, nosso narrador destemido, era o rei das peculiaridades relacionáveis e sarcasmo adolescente. Ele era puro coração enquanto viajava por um turbilhão de emoções. Desde sentir-se cercado por pessoas “falsas” até navegar nas águas traiçoeiras do crescimento, a jornada de Holden foi uma montanha-russa de emoções!
A melhor parte? Salinger quebrou todas as regras! Quem precisa de uma estrutura de enredo típica quando você pode ter uma narrativa dirigida por personagens que o leva a uma aventura emocional pela mente de um adolescente confuso e cativante? Mas porque diabos eu, envolto no contexto da tecnologia, estaria falando sobre Salinger e seu Apanhador no Campo de Centeio?
“Estou cansado de não ter coragem de ser absolutamente ninguém.” J. D. Salinger
Ainda que eu esteja há quase uma década me dedicando a prover serviços para empresas e organizações, eu estive durante a outra metade da minha carreira do outro lado da mesa, e em uma parte importante dela, como líder de tecnologia. Ainda jovem, sempre escutei dos líderes mais experientes de que “em tecnologia, devemos primordialmente nos preocupar em não aparecer, porque quando o fazemos, geralmente é por conta de um problema.” Essa frase sempre foi correlacionada com aquela máxima futebolística de que “o bom juiz de futebol é aquele que não aparece no jogo.” Em bom português, muito ajuda quem não atrapalha. Mas porque eu como líder de tecnologia haveria de pensar assim? Depois de anos na indústria de manufatura, eu entendi que boa parte dos serviços prestados pela área de tecnologia da informação estão relacionados à operação. E operação, amigo, especialmente na indústria, segue sim a Lei de Murphy: tudo que pode acontecer, acontece. Sempre tem algo pegando…
“Não consigo explicar o que quero dizer. E mesmo que pudesse, não tenho certeza se eu gostaria realmente de fazê-lo.” J. D. Salinger
Em 2011, após um incêndio no datacenter da empresa que eu trabalhava como líder de tecnologia, eu tomei uma decisão: migraríamos para a nuvem. Vale reforçar que estou falando de uma indústria de manufatura, baseada no nordeste brasileiro, há mais de dez anos… Então, imagine que o cenário não era trivial e a adesão não foi algo fácil de ser conquistada.
Em 2011, a Computação em Nuvem vivia uma evolução significativa. Neste período, como toda nova tecnologia, havia um misto de empolgação e receio em adotá-la, mas era inegável a capacidade de revolução e possibilidades em soluções baseadas em nuvem. Grandes competidores como a Amazon Web Services (AWS), Microsoft e Google apontavam como referências — e isso se mantém até hoje — oferecendo uma gama enorme de serviços, buscando principalmente oferecer escalabilidade, economia e flexibilidade. Ainda que a adoção e uso da nuvem começasse a aumentar, ainda era paupável o receio e preocupações das empresas com temas como a segurança e a privacidade dos dados, inclusive, fazendo com que grandes corporações optassem por não seguir no movimento naquele momento. Entretanto, as startups e pequenas empresas, viram na computação em nuvem uma forma custo efetiva de acessar tecnologias que antes estavam restritas à grandes corporações, sem grandes investimentos iniciais.
Na medida em que o tempo foi passando, a computação em nuvem passou a ser reconhecida como uma forte habilitadora de inovação e tecnologia, com os analistas de mercado fazendo projeções de crescimento signifativo nos anos a vir. Já àquela época, o mercado foi estimado em bilhões de dólares e, à medida que as empresas passavam a ganhar confiança nas soluções em nuvem, passaram então a explorar os diversos modelos de implantação, especialmente as nuvens públicas. Embora as grandes corporações sejam habitualmente mais contidas em fazer movimentos significativos no seu contexto de tecnologia, a mudança para a computação em nuvem foi inevitável. Armava-se, então, o palco para uma verdadeira revolução na forma como os serviços de tecnologia eram consumidos e ofertados, prenunciando o futuro em que a computação em nuvem se tornaria parte integrante das operações de negócios modernas.
“Entre outras coisas, você descobrirá que não é a primeira pessoa que já se sentiu confusa, assustada e até mesmo perplexa com o comportamento humano. Você não está sozinho nesse aspecto, ficará animado e estimulado ao saber. Muitos, muitos homens têm sido tão perturbados moral e espiritualmente quanto você está agora.” J. D. Salinger
Os projetos de migração para a nuvem tornaram-se um empreendimento crucial para as empresas aumentarem a agilidade, a escalabilidade e a economia. No entanto, em muitos casos, ainda vejo faltar protagonismo da área de tecnologia. É essencial que projetos como esse sejam habilitados pelos líderes de TI para garantir que eles permaneçam focados na inovação, em vez de apenas atender às demandas específicas. Sempre que me encontro com líderes de tecnologia, chamo a atenção a necessidade do envolvimento deles na migração para a nuvem, especialmente quando o risco de ser sequestrado por demandas de negócios não relacionadas se aproxima.
Os líderes de TI possuem um papel essencial para a execução bem-sucedida de projetos de migração para a nuvem. É certamente um fator crítico de sucesso para esses projetos, o nível de envolvimento da liderança de tecnologia, bem como, o seu alinhamento com as metas organizacionais. Seu envolvimento garante que a migração seja impulsionada por méritos tecnológicos. Na ausência de liderança de TI, os projetos de migração para a nuvem podem ser desviados por outras prioridades de negócios, levando à falta de planejamento estratégico e previsão.
É fundamental encontrar um equilíbrio entre atender às demandas de negócios e promover a inovação durante a migração para a nuvem. Pesquisas indicam que as organizações lideradas por executivos de TI que enfatizam a inovação alcançam melhores resultados a longo prazo. Esses líderes incentivam a experimentação e uma cultura de melhoria contínua, promovendo a inovação nos projetos de migração para a nuvem. Diversos estudos igualmente versam sobre o vínculo entre a migração para a nuvem e a inovação.
[3] An overview of the cloud migration process: a case study of a migration from legacy application to cloud based application
https://www.diva-portal.org/smash/record.jsf?pid=diva2%3A1782470&dswid=4361. Hirsch, Denise. Luleå University of Technology, Department of Computer Science, Electrical and Space Engineering.
[5] Managing Cloud Computing: A life cycle approach
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/46100016/Conway_CloudLifeCycle_2012-libre.pdf. Gerard Conway and Edward Curry. Innovation Value Institute, National University of Ireland, Maynooth. Digital Enterprise Research Institute, National University of Ireland, Galway
Holden Caulfield, nosso narrador destemido, era o rei das peculiaridades relacionáveis e sarcasmo adolescente. Ele era puro coração enquanto viajava por um turbilhão de emoções. Desde sentir-se cercado por pessoas “falsas” até navegar nas águas traiçoeiras do crescimento, a jornada de Holden foi uma montanha-russa de emoções!
A melhor parte? Salinger quebrou todas as regras! Quem precisa de uma estrutura de enredo típica quando você pode ter uma narrativa dirigida por personagens que o leva a uma aventura emocional pela mente de um adolescente confuso e cativante? Mas porque diabos eu, envolto no contexto da tecnologia, estaria falando sobre Salinger e seu Apanhador no Campo de Centeio?
“Estou cansado de não ter coragem de ser absolutamente ninguém.” J. D. Salinger
Ainda que eu esteja há quase uma década me dedicando a prover serviços para empresas e organizações, eu estive durante a outra metade da minha carreira do outro lado da mesa, e em uma parte importante dela, como líder de tecnologia. Ainda jovem, sempre escutei dos líderes mais experientes de que “em tecnologia, devemos primordialmente nos preocupar em não aparecer, porque quando o fazemos, geralmente é por conta de um problema.” Essa frase sempre foi correlacionada com aquela máxima futebolística de que “o bom juiz de futebol é aquele que não aparece no jogo.” Em bom português, muito ajuda quem não atrapalha. Mas porque eu como líder de tecnologia haveria de pensar assim? Depois de anos na indústria de manufatura, eu entendi que boa parte dos serviços prestados pela área de tecnologia da informação estão relacionados à operação. E operação, amigo, especialmente na indústria, segue sim a Lei de Murphy: tudo que pode acontecer, acontece. Sempre tem algo pegando…
“Não consigo explicar o que quero dizer. E mesmo que pudesse, não tenho certeza se eu gostaria realmente de fazê-lo.” J. D. Salinger
Em 2011, após um incêndio no datacenter da empresa que eu trabalhava como líder de tecnologia, eu tomei uma decisão: migraríamos para a nuvem. Vale reforçar que estou falando de uma indústria de manufatura, baseada no nordeste brasileiro, há mais de dez anos… Então, imagine que o cenário não era trivial e a adesão não foi algo fácil de ser conquistada.
Em 2011, a Computação em Nuvem vivia uma evolução significativa. Neste período, como toda nova tecnologia, havia um misto de empolgação e receio em adotá-la, mas era inegável a capacidade de revolução e possibilidades em soluções baseadas em nuvem. Grandes competidores como a Amazon Web Services (AWS), Microsoft e Google apontavam como referências — e isso se mantém até hoje — oferecendo uma gama enorme de serviços, buscando principalmente oferecer escalabilidade, economia e flexibilidade. Ainda que a adoção e uso da nuvem começasse a aumentar, ainda era paupável o receio e preocupações das empresas com temas como a segurança e a privacidade dos dados, inclusive, fazendo com que grandes corporações optassem por não seguir no movimento naquele momento. Entretanto, as startups e pequenas empresas, viram na computação em nuvem uma forma custo efetiva de acessar tecnologias que antes estavam restritas à grandes corporações, sem grandes investimentos iniciais.
Na medida em que o tempo foi passando, a computação em nuvem passou a ser reconhecida como uma forte habilitadora de inovação e tecnologia, com os analistas de mercado fazendo projeções de crescimento signifativo nos anos a vir. Já àquela época, o mercado foi estimado em bilhões de dólares e, à medida que as empresas passavam a ganhar confiança nas soluções em nuvem, passaram então a explorar os diversos modelos de implantação, especialmente as nuvens públicas. Embora as grandes corporações sejam habitualmente mais contidas em fazer movimentos significativos no seu contexto de tecnologia, a mudança para a computação em nuvem foi inevitável. Armava-se, então, o palco para uma verdadeira revolução na forma como os serviços de tecnologia eram consumidos e ofertados, prenunciando o futuro em que a computação em nuvem se tornaria parte integrante das operações de negócios modernas.
“Entre outras coisas, você descobrirá que não é a primeira pessoa que já se sentiu confusa, assustada e até mesmo perplexa com o comportamento humano. Você não está sozinho nesse aspecto, ficará animado e estimulado ao saber. Muitos, muitos homens têm sido tão perturbados moral e espiritualmente quanto você está agora.” J. D. Salinger
Os projetos de migração para a nuvem tornaram-se um empreendimento crucial para as empresas aumentarem a agilidade, a escalabilidade e a economia. No entanto, em muitos casos, ainda vejo faltar protagonismo da área de tecnologia. É essencial que projetos como esse sejam habilitados pelos líderes de TI para garantir que eles permaneçam focados na inovação, em vez de apenas atender às demandas específicas. Sempre que me encontro com líderes de tecnologia, chamo a atenção a necessidade do envolvimento deles na migração para a nuvem, especialmente quando o risco de ser sequestrado por demandas de negócios não relacionadas se aproxima.
Os líderes de TI possuem um papel essencial para a execução bem-sucedida de projetos de migração para a nuvem. É certamente um fator crítico de sucesso para esses projetos, o nível de envolvimento da liderança de tecnologia, bem como, o seu alinhamento com as metas organizacionais. Seu envolvimento garante que a migração seja impulsionada por méritos tecnológicos. Na ausência de liderança de TI, os projetos de migração para a nuvem podem ser desviados por outras prioridades de negócios, levando à falta de planejamento estratégico e previsão.
É fundamental encontrar um equilíbrio entre atender às demandas de negócios e promover a inovação durante a migração para a nuvem. Pesquisas indicam que as organizações lideradas por executivos de TI que enfatizam a inovação alcançam melhores resultados a longo prazo. Esses líderes incentivam a experimentação e uma cultura de melhoria contínua, promovendo a inovação nos projetos de migração para a nuvem. Diversos estudos igualmente versam sobre o vínculo entre a migração para a nuvem e a inovação.
Em suma, os projetos de migração para a nuvem são fontes relevantes de oportunidades de transformação para as empresas, especialmente impulsionando a inovação e viabilizando a manutenção da competitividade. No entanto, o sucesso desses empreendimentos depende do envolvimento proativo dos líderes de TI, que devem resistir a serem invadidos por demandas de negócios não relacionadas. Inspirando-se em obras literárias como a jornada épica em “O Apanhador no Campo de Centeio“ e o apelo de J.D. Salinger, os líderes de TI podem navegar pelas migrações para a nuvem enquanto habilitam a inovação. A sinergia entre as demandas de negócios e a inovação sob a orientação dos líderes de TI abrirá, sem dúvida, o caminho para uma migração bem-sucedida para a nuvem, capacitando as organizações a prosperar no cenário digital dinâmico.
Referências
Referências
[1] Learnings from a Cloud Migration Project at a South African Retailer
https://digitalcommons.kennesaw.edu/acist/2020/allpapers/2/. Nonqaba Jaka, University of the Western Cape. Carolien van den Berg Dr., University of the Western Cape
https://digitalcommons.kennesaw.edu/acist/2020/allpapers/2/. Nonqaba Jaka, University of the Western Cape. Carolien van den Berg Dr., University of the Western Cape
[2] A critical success factors assessment instrument for cloud migration readiness status in Saudi Arabian universities. Alharthi, Abdulrahman Ayad, University of Southampton, 2017, Doctoral Thesis, 271pp. https://eprints.soton.ac.uk/419480/
[3] An overview of the cloud migration process: a case study of a migration from legacy application to cloud based application
https://www.diva-portal.org/smash/record.jsf?pid=diva2%3A1782470&dswid=4361. Hirsch, Denise. Luleå University of Technology, Department of Computer Science, Electrical and Space Engineering.
[4] Best Leadership Practices of Multinational Corporations in the use of Automated Migration Tools in Adoption of Commercial Cloud Computing Platforms: A Meta-Analysis.
https://www.proquest.com/openview/1b08e1a13c87f43a1d83783e5a2e858d/1?pq-origsite=gscholar&cbl=18750&diss=y. Sneider, Ethan M. Purdue University ProQuest Dissertations Publishing, 2021. 30505457.
https://www.proquest.com/openview/1b08e1a13c87f43a1d83783e5a2e858d/1?pq-origsite=gscholar&cbl=18750&diss=y. Sneider, Ethan M. Purdue University ProQuest Dissertations Publishing, 2021. 30505457.
[5] Managing Cloud Computing: A life cycle approach
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/46100016/Conway_CloudLifeCycle_2012-libre.pdf. Gerard Conway and Edward Curry. Innovation Value Institute, National University of Ireland, Maynooth. Digital Enterprise Research Institute, National University of Ireland, Galway
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